quinta-feira, 23 de julho de 2009

Droga

"A droga mata lentamente. Mas eu também não tenho presa."

Ficas feliz por saber que a droga não te mata, pelo menos por agora.
No entanto, ela é, provavelmente, a causa de não saberes escrever a palavra pressa. É também a razão pela qual não passas do 7.º ou 8.º ano, ou no qual estás encalhado há já 3 ou 4 anos, não é verdade?
Vais acabar por desistir da escola e arranjar um emprego de merda cujo salário nem chega para te pagar o vício.
Aos 18 anos sais de casa. Já nem a tua mãe consegue olhar para ti.
Expulsa-te contrariando o aperto no coração. Sabe que vais ficar na rua, mas depois do que lhe fizeste ela já nem quer saber.
O teu patrão despede-te. Sabe que te drogas e que és sem-abrigo.
Imploras-lhe que não. Rebaixas-te e humilhas-te e o cabrão nem reconsidera.
Acabas na rua a pedir esmola. "É para comer" - dizes tu às pessoas que passam.
Elas conhecem-te. És aquele lá da escola. Que se baldava para ir fumar. Que copiava nos testes e mesmo assim tinha negativa. Que era mal-educado e tinha ido de suspensão 2 ou 3 vezes.
Sim, eles sabem quem tu és. Passam por ti em grandes carros, com relógios caros e telemóveis topo de gama.
Trazem a família. Uma mulher bonita e com bom ar e dois filhos lindos e bem vestidos.
Rogas-lhes por uma moeda e eles ignoram-te.
Aos 35 anos morres de overdose, com droga que compraste com dinheiro roubado.

Agora diz-me tu: Foi lento suficiente para ti?

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